No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
(No meio do caminho - Carlos Drummond de Andrade)
Já tive uma mochila com algumas pedras. Eram o meu maior tesouro. Mas aos poucos, elas perderam brilho e valor. Talvez de tanto brilharem acabaram ofuscando a minha visão. Ou talvez eu tenha dado tanta importância a elas que, quando finalmente percebi, elas nada mais eram além de pesos que eu carregava, dia após dia. Eu também estava me transformando em uma pedra. Uma pedra fadada a ser arremessada para muito longe das outras pedrinhas. Antes q isso acontecesse, me separei das demais pedras e voltei a ser gente. Abri minha mochila, retirei algumas pedras e deixei-as no chão, num cantinho onde não fossem atrapalhar niguém. Mas, na verdade, mesmo jogando-as fora continuo carregando-as comigo: as boas lembranças que com aquelas pedrinhas eu vivi. Cada riso, cada momento alegre, tudo está vivo e bem guardado dentro de mim. Mas as pedrinhas, não.
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
(No meio do caminho - Carlos Drummond de Andrade)
Já tive uma mochila com algumas pedras. Eram o meu maior tesouro. Mas aos poucos, elas perderam brilho e valor. Talvez de tanto brilharem acabaram ofuscando a minha visão. Ou talvez eu tenha dado tanta importância a elas que, quando finalmente percebi, elas nada mais eram além de pesos que eu carregava, dia após dia. Eu também estava me transformando em uma pedra. Uma pedra fadada a ser arremessada para muito longe das outras pedrinhas. Antes q isso acontecesse, me separei das demais pedras e voltei a ser gente. Abri minha mochila, retirei algumas pedras e deixei-as no chão, num cantinho onde não fossem atrapalhar niguém. Mas, na verdade, mesmo jogando-as fora continuo carregando-as comigo: as boas lembranças que com aquelas pedrinhas eu vivi. Cada riso, cada momento alegre, tudo está vivo e bem guardado dentro de mim. Mas as pedrinhas, não.